Conto Exótico (Erótico?)

Acho que me enquadro numa pequena parcela do público feminino que curte a arte erótica mais explícita. Não vamos entrar nos conceitos de sensualidade e sexualidade, que nesse exato momento pra mim, até se confundem, mas há um tipo de arte em especial que me chama a atenção: os Contos Eróticos. E olha que não é fácil de encontrar um que capte o verdadeiro anseio do que uma mulher busca numa história sexual fantasiosa. Prefiro aqueles sem jargões clássicos ou linguagem demasiado vulgar, que contam a história com clareza, rica em detalhes mas sem se perder nestes. Em algum post anterior conversamos sobre filmes eróticos feitos por mulheres para mulheres. E não estou falando de lesbianismo, caro leitor. São mulheres dando (não literalmente) o ar da graça na cinematográfia pôrno por trás das camêras, como diretoras. Agora é a vez de falar de contos. Eu gosto de ambos(filmes e contos), mas há um "Q" especial nos contos: os personagens podem ser sempre maravilhosamente perfeitos: a imaginação é minha, faço o uso dela que eu quiser. Acho que arte de escrever esses contos por completo_os meus normalmente, por algum motivo que eu desconheço param pela metade ou só são interessantes só até este ponto_é um dom. E numa análise empírica, os contos bons, em regra, são escritos por mulheres. Como este blog é de uma mulher, que espera ler o que uma mulher gostaria, escrito de uma mulher para outra mulher, esse resultado não é surpresa, não é? Tenho três contos publicados na casa dos contos eróticos, modéstica a parte, todos com boa avaliação, a quem interessar.
É difícil achar um conto que me agrade e de certa forma mexa com a imaginação. Abaixo, vou colocar um bem curto que li na revista online da playboy, não usa palavras de baixo calão, não se perde nos detalhes, mas conta o essencial da aventura de maneira descontraída e muito interessante. O desenrolar fica por conta da imaginação de cada um. 

Puta por um dia

Todo envolvimento sexual é um contrato que envolve dar e receber. Na teoria, manda quem paga. Na prática também. Eu quis explorar o outro lado dessa fantasia, o da mulher que recebe pra dar.
Respirei fundo por meses amadurecendo essa ideia, e mesmo quando tive coragem, não soube por onde começar. Liguei para um amigo que entende do assunto. Ele cansou de buscar o caminho do altar e resolveu terceirizar sua vida sexual. Desde então, virou consultor no mercado. Conhece as profissionais e acabou virando fonte de referência para os amigos mais íntimos. Contei meus planos e pedi que me indicasse para o próximo que o procurasse em busca de uma ‘mulher da vida’. Ele relutou até perceber que eu estava decidida, quase possuída pela ideia de ser puta por um dia. Eu me impus um desafio, e não me perdoaria se perdesse para mim mesma. “Já aturei tanta coisa de graça. Deixa eu ter o prazer de curtir essa farsa”, disse.
Passou o tempo, mas não a vontade. Estava quase desistindo quando ele ligou para dizer que um conhecido havia se interessado. Ele não se permitiu descrever o cara, mas me disse que não era dos mais acostumados a consumir esse tipo de prazer. Achou prudente que ambos fôssemos ‘principiantes’. Ele deu meu telefone pro cara e disse que meu nome era Camila.
O cara ligou. Tinha uma voz empostada, um papo descontraído. Falamos apenas o suficiente e fechamos a noite em quatrocentos reais. Peguei o táxi até o hotel. Mais que medo do desconhecido, o que eu sentia era um puta tesão naquilo tudo. Produzida, sem exagerar no vulgar, me olhei no espelho retrovisor e pensei: esta noite eu me comeria ‘de graça’.
Dentro do elevador do hotel pensei: Vou voltar e tomar uma dose de qualquer coisa antes de entrar. Não voltei. Subi e, quando o cara abriu a porta do quarto, fiz quase tudo errado. Primeiro, cumprimentei o cara como se estivesse entrando num consultório médico para deixar amostras. Depois, perguntei se ele se importaria em me servir um drinque, e acendi um cigarro. Ou seja, minha puta virou macho e começou a tomar iniciativas. Sexo oral me acalma e me dá prazer. Portanto, foi por aí que eu comecei. Depois, não sei. Pirei. Senti tesão no personagem. Fiz sexo com vontade e de verdade. O desejo de me sentir ‘inesquecível ou imbatível’ era mais forte que eu.
Não fiz cara de gatinha nem dei reboladinhas. Me recusei a trepar de salto alto. Ele não me pedia nem me impedia de nada. Só dava umas relinchadas quando gozava. A minha razão ficou no elevador. Aquilo era emoção, adrenalina, brincadeira de menina inconsequente.
Deixei o quarto certa de que o perigo, quando se brinca disso, é gostar. Parece cocaína. Não só gostei como cheguei à rua ainda vestida de puta e me sentindo com quase três metros de altura.


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